Em 2025 o Brasil ocupará a 6ª população de idosos no mundo e a 1ª na America Latina. A OMS considera um país envelhecido quando 14% da sua população possui mais de 65 anos. Na França, por exemplo, este processo levou 115 anos. Na Suécia, 85. No Brasil, levará pouco mais de duas décadas, sendo considerado um país velho em 2032, quando 32,5 milhões dos mais de 226 milhões de brasileiros terão 65 anos ou mais. Precisamos nos preparar para viver esse período com funcionalidade e de forma ativa.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Longevidade depende das escolhas diárias
Quando se fala em envelhecimento, o senso comum faz com que lembremos, automaticamente, de senhores de cabelos brancos, recatados a um canto ou uma praça, isolados entre os seus em atividades de pouco movimento. O que a ciência tem comprovado, todavia, é que apesar da idade avançada, o corpo é capaz de responder às atividades físicas e a mente é capaz de aprender. “Tenho uma aluna que foi sedentária até os 82 anos de idade e a médica recomendou que ela começasse a treinar. Ela começou com essa idade e, em um teste de caminhada que apliquei na esteira quando ela chegou, mostrava que ela conseguia caminhar a 2,5. Cinco meses depois ela dobrou a velocidade de locomoção, chegando a 5,2. É um exemplo prático e muito claro do quanto o corpo responde”, destaca Mauro Guiselini, mestre em educação física pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de livros como “Novo Velho: Olhares e perspectivas”.
Guiselini conta que o envelhecimento pode ser medido pela idade cronológica, ou seja, quantos anos a pessoa viveu, e também por sua idade funcional: o vigor, autonomia, disposição, vitalidade de uma pessoa. Assim, dois indivíduos com a mesma idade podem ter um envelhecimento distinto por conta da idade funcional.
É essa segunda medida que preocupa muitos estudiosos. Afinal, é preciso e possível se preparar para ela com a adoção de um estilo de vida saudável. “Os cuidados devem começar desde o nascimento”, brinca Guiselini que apresenta cinco indicadores básicos para um envelhecimento saudável:
1 – estilo de vida: que envolve uma alimentação saudável e moderada na qual se ingere de tudo;
2 – controle do peso, evitando assim a obesidade e as doenças ligadas ao sobrepeso;
3 – exames médicos: a realização de exames preventivos preconizados pela medicina ajuda a combater doenças que podem vir a prejudicar o envelhecimento. Nessa lista há exames como Papanicolau e mamografia para mulheres, até hemogramas para a checagem de níveis de colesterol, glicemia, triglicérides etc;
4 – administração do estresse: é preciso cuidar do aspecto emocional para não ter um envelhecimento isolado, não ficar sozinho depois que a idade avançar;
5 – prática de exercícios físicos: “estudos mostram que não vai viver mais por conta do exercício, ele não mexe no código genético, mas traz mais energia, vigor e previne algumas doenças”, diz o mestre em Educação Física.
Exercícios na terceira idade
“O tipo de exercício praticado não parece ser importante para a longevidade. No entanto, os exercícios de fortalecimento muscular são mais essenciais para promover a boa qualidade de vida no envelhecimento, no sentido de independência funcional”, afirma Santarem. Movimentos como sentar, levantar, trocar de roupa, melhora a estabilidade para não cair e até a coordenação motora para melhorar o raciocínio são aprimorados com a prática de atividades físicas. Identificar o que o aluno da terceira idade gosta e o que ele precisa são tarefas do profissional de educação física. As aulas coletivas ainda trazem outros benefícios importantes para o aspecto emocional do idoso: a socialização.
Santarem conta que o estado depressivo nos idosos são frequentes e podem limitar de programas de exercício ou até impedir a atividade física. “As limitações produzidas por alterações anatômicas e funcionais do envelhecimento podem ser contornadas com as devidas adaptações dos exercícios.”
Julia afirma que é certo que os benefícios biológico e psicossocial caminham juntos e, quando o idoso sai de casa para fazer uma atividade que gosta e lhe faz bem, conhece pessoas, conversa e se desafia, tudo melhora. “O importante é buscar uma atividade física que lhe dê prazer. O maior complicador é o preconceito sobre a atividade física. É achar que não é mais hora de iniciar algo novo, que não será capaz de realizar ou temer a exposição.”
“A ciência mostra que qualidade de vida é estar adaptado, se sentindo bem e com suas necessidades e do seu ambiente atendidas, viver com prazer e alegria. É ser e não ter e essa alegria de viver é um dos indicadores do aumento da expectativa de vida. É um estado que depende do estilo de vida e existe interpelação entre os componentes”, conclui Guiselini.
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